Muitos leitores desta monografia podem se perguntar porque foi incluído um capítulo sobre potência estatística. Afinal, a esta altura a questão do poder estatístico é, em muitos aspectos, mundana. Todos sabem que o poder estatístico é uma consideração central na pesquisa, e certamente a maior parte dos bolsistas ou possíveis bolsistas do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas entendem a importância de incluir uma análise de poder nas propostas de pesquisa. No entanto, há amplas evidências de que, na prática, os pesquisadores de prevenção não estão prestando atenção suficiente ao poder estatístico. Se assim fosse, os resultados observados por Hansen (1992) numa recente revisão da literatura sobre prevenção não teriam surgido. Hansen (1992) examinou o poder estatístico com base em 46 coortes seguidas longitudinalmente, utilizando pressupostos não paramétricos, dada a idade dos sujeitos no pós-teste e o número de sujeitos. Os resultados desta análise indicaram que, para que um estudo atingisse um poder de 80% para detectar diferenças entre os grupos de tratamento e controle, a diferença entre os grupos no pós-teste precisaria ser de pelo menos 8% (nos melhores estudos) e até 16% (nos estudos mais fracos). Para que um estudo atingisse 80 por cento de poder para detectar diferenças entre os grupos no pré-post mudança, 22 dos 46 coortes teriam precisado de reduções relativas pré-post mais de 100 por cento. Trinta e três dos 46 coortes tinham menos de 50% de poder para detectar uma redução relativa de 50% no uso de substâncias. Esses resultados são consistentes com outros resultados de revisão (por exemplo, Lipsey 1990) que mostraram uma falta de poder semelhante em uma ampla gama de tópicos de pesquisa. Assim, parece que, embora os pesquisadores estejam conscientes da importância do poder estatístico (particularmente da necessidade de calculá-lo ao propor pesquisas), eles de alguma forma estão falhando em terminar com o poder adequado em seus estudos concluídos. Este capítulo argumenta que o fracasso de muitos estudos de prevenção em manter o poder estatístico adequado deve-se a uma ênfase excessiva no tamanho da amostra (N) como a única, ou mesmo a melhor, forma de aumentar o poder estatístico. É fácil ver como esta ênfase exagerada surgiu. O tamanho da amostra é fácil de manipular, tem a vantagem de estar relacionado ao poder de uma forma direta, e normalmente está sob o controle direto do pesquisador, exceto por limitações impostas pelas finanças ou pela disponibilidade do sujeito. Outra opção para aumentar o poder é aumentar o alfa usado para o teste de hipóteses mas, como muito poucos pesquisadores consideram seriamente níveis de significância muito maiores do que os tradicionais .05, esta estratégia raramente é usada. Naturalmente, o tamanho da amostra é importante e os autores deste capítulo não recomendam que os pesquisadores deixem de escolher cuidadosamente o tamanho da amostra. Ao invés disso, eles argumentam que os pesquisadores não devem se limitar a aumentar o N para aumentar o poder. É importante tomar medidas adicionais para manter e melhorar o poder para além de garantir que o tamanho inicial da amostra seja suficiente. Os autores recomendam duas estratégias gerais. Uma estratégia envolve tentar manter o tamanho da amostra inicial eficaz para que o poder não seja perdido desnecessariamente. A outra estratégia consiste em tomar medidas para maximizar o terceiro fator que determina o poder estatístico: o tamanho do efeito.