Mapa do Brasil

Choro (pronuncia-se SHOH-roh) é melhor descrito em termos americanos como “o jazz de New Orleans do Brasil”. É uma forma musical popular complexa baseada na improvisação, e como o jazz, blues ou ragtime de Nova Orleans, cresceu a partir de uma estrutura musical formalizada e de muitas influências mundanas. Mas para o povo da América do Sul, o choro é o Brasil. É a vida.

A palavra choro em português significa literalmente “chorar”, o que parece um nome irônico para música que muitas vezes é tão alegre e celebrativa. Na verdade o termo refere-se às qualidades de lilting ou “choro” do instrumento solo, geralmente uma flauta ou clarinete (Pense na maneira como Benny Goodman poderia “chorar”). Esta música, também chamada de chorinho (este termo refere-se às peças individuais da música), surgiu no início do século 20 nos cafés do Rio de Janeiro e de outras grandes cidades do Brasil. As tradições que alimentaram o choro no Rio no final dos anos 1800 são praticamente as mesmas que levaram ao danzón em Cuba, ao beguine na Martinica e ao ragtime nos Estados Unidos; os países estavam desenvolvendo suas próprias músicas populares e começaram a misturar elementos de outras culturas, incluindo a polca européia e ritmos africanos. Como explica a flautista Paula Robison, “… a tradição do choro no Brasil é muito parecida com a do blues na América. No Brasil, o choro foi a combinação da tradição africana misturada com os portugueses; as belas linhas de canto da melodia portuguesa combinadas com a batida do coração que dá vida à África”

Choro musical é baseado no que conhecemos como ritmos samba-estilo ou bossa nova e tocado em um violão ou outro instrumento de cordas com trastes, além de flauta ou clarinete e percussão. Estruturalmente é a música brasileira que mais se aproxima da música erudita européia (ela empresta a forma da valsa Chopin e o contraponto do alto barroco), mas mantém uma personalidade que é toda brasileira. Dentro de sua estrutura exigente, o choro é conhecido pelos grandes saltos em sua melodia e suas velocidades vertiginosas, mudanças surpreendentes de harmonia e som improvisado. Esta é uma música extremamente virtuosística que é tocada para soar muito natural e espontânea.

Coro foi desenvolvido como um estilo quase puramente instrumental e não vocal, devido ao puro amor dos músicos por tocar. As jam sessions durante toda a noite, chamadas sauras ou rodas de choro, tornaram-se muito comuns entre os anos 20 e 40, e nestes encontros os músicos formaram uma ligação quase espiritual com a sua música. Para ser aceito nas sauras era preciso ser um bom instrumentista, assim como entender as “palavras de código” musicais – a linguagem da improvisação.

Um dos mais importantes e prolíficos compositores de choro foi Pixinguinha, cujo “Segura Ele” (“Agarra-o!”) ouvimos tocar esta semana pelo Trio Robison-Lubambo-Baptista. Pixinguinha, um dos maiores flautistas e improvisadores de sua época, foi chamado pelos musicólogos de “Bach of choro” devido à quase perfeição de sua estrutura harmônica, sua virtuosidade e a complexidade de sua música. Ele esteve no auge da sua carreira de intérprete durante os anos 20, 30 e 40. Em 1922 Pixinguinha foi para Paris com seu grupo, o primeiro grupo brasileiro a ser contratado para se apresentar no exterior, e desenvolveu um acompanhamento dedicado na França, assim como em seu país natal, o Brasil. Outro mestre do choro foi Jacob do Bandolim (seu nome traduzido do português é “Jacob do Bandolim” – ele nasceu Jacob Pick Bittencourt), um dos maiores bandolinistas do Brasil. Ele se apresentou e gravou sua música nos anos 40 e 50, e foi uma figura popular na rádio brasileira.

Coro começou a cair fora de moda em meados dos anos 50, e nos anos 60 já era difícil ouvir esta música em qualquer lugar do Brasil. Mas nos anos 70 um renascimento ocorreu, e uma nova geração de músicos de choro surgiu. Este renascimento continuou, num esforço para preservar a música que “é Brasil” para quem a ouve e toca tanto naquele país como para nós, na rádio!

Ouvir o Trio Robison-Lubambo-Baptista tocar “Segura Ele” de Pixinguinha (“Agarra-o!”)

Ouvir o Trio Robison-Lubambo-Baptista tocar “Noites Cariocas” de Jacob do Bandolim (“Noites do Rio”)

Articles

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.