Luz
Luz (‘or, ma’or; fos; muitas outras palavras):
1. Origem da Luz
2. Um termo abrangente
(1) Luz natural
(2) Luz artificial
(3) Luz milagrosa
(4) Luz mental, moral, espiritual
3. Um Atributo de Santidade
(1) Deus
(2) Cristo
(3) Cristãos
(4) A Igreja
4. Simbolismo
5. Termos Expressivos
1. Origem da Luz:
A criação da luz foi o passo inicial na criação da vida. “Que haja luz” (Gênesis 1:3) foi a primeira palavra de Deus dita depois que Seu Espírito criador “se moveu” sobre a matéria primária da qual Ele criou os céus e a terra, e que ficou, até a pronunciação daquela palavra, no caos das trevas e da desolação. Algo semelhante, possivelmente, à atividade eletromagnética todo-perfasiva da aurora boreal penetrou na noite caótica do mundo. O foco final da luz (no 4º dia da criação, Gênesis 1:14) em sóis, estrelas e sistemas solares levou o processo criativo inicial à conclusão, como a condição essencial de toda a vida orgânica. A origem da luz encontra assim a sua explicação no propósito e na própria natureza de Deus que João define não apenas como o Autor da luz mas, num sentido abrangente, como a própria luz:
“Deus é luz” (1João 1:5).
2. Um Termo Abrangente:
A palavra “luz” é Divinamente rica na sua abrangência e significado. Seu esplendor material é usado nas Escrituras como símbolo e sinônimo de tudo o que é luminoso e radiante na vida mental, moral e espiritual dos homens e anjos; enquanto o Deus eterno, por causa de Sua santidade e perfeição moral, é retratado como “morada na luz inacessível” (1 Timóteo 6:16). Cada fase da palavra, desde a luz original no mundo natural até a glória espiritual do celeste, é encontrada em Santo Escrito.
(1) Luz Natural.
Luz e vida são quase sinônimos para os habitantes da Palestina, e da mesma forma escuridão e morte. A deles é a terra da luz do sol. Quando vão para outras terras de céu nublado, seu único pensamento é retornar ao brilho e à luz do sol de sua terra natal. Na Palestina, dificilmente há um dia durante todo o ano em que o sol não brilha para alguma parte do mesmo, enquanto que durante cinco meses do ano quase não há interrupção do sol. O tempo é contado de pôr-do-sol a pôr-do-sol. O dia de trabalho de parto fecha com a chegada da escuridão. “O homem sai para o seu trabalho e para o seu trabalho até a noite” (Salmos 104:23).
A repentina mudança das trevas para a luz com o sol nascente e o desaparecimento do sol à noite é mais marcante do que em mais países do norte, e não é estranho que nos dias antigos tenha surgido uma adoração ao sol como doador de luz e felicidade, e que Jó mencione o aliciamento da adoração ao sol quando ele “viu o sol quando brilhou, ou a lua andando em brilho” (Jó 31:26). A praga mais grave no Egito ao lado da matança dos primogênitos foi a praga das trevas que caiu sobre os egípcios (Êxodo 10:23). Este amor à luz encontra expressão tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento em um uso muito extenso da palavra para expressar as coisas que são mais desejáveis e mais úteis ao homem, e neste contexto encontramos algumas das figuras mais belas da Bíblia.
(2) Luz Artificial.
(3) Luz Milagrosa.
Quando a terrível praga da “espessa escuridão”, por três dias, envolveu os egípcios, aterrorizou-os e os deixou indefesos, “todos os filhos de Israel tinham luz em suas habitações” (Êxodo 10:23). Se as trevas eram devidas a uma causa natural de ordem divina ou se a luz era a luz natural do dia, o processo que preservava os israelitas intercalados das trevas envolventes era sobrenatural. Milagroso, também, ainda que por meio de agência natural, foi a “coluna de fogo” que deu luz aos israelitas fugindo do Faraó (Êxodo 13:21; 14:20; Salmos 78:14), “Ele os conduziu toda a noite com uma luz de fogo”. Sobrenatural foi a efusão na transfiguração de Cristo que tornou “suas vestes …. brancas como a luz” (Mateus 17:2). Sob a mesma categoria, Paulo classifica ‘a grande luz’ que ‘brilhou de modo sombrio ao redor dele do céu’ no caminho para Damasco (Atos 22:6; compare Atos 9:3). Nestes raros casos a luz sobrenatural não era apenas simbólica de uma luz espiritual interior, mas instrumental, pelo menos em parte, em revelar ou preparar o caminho para ela.
(4) Luz mental, moral, espiritual.
Os fenômenos da luz natural têm sua contraparte na vida interior do homem. Poucas palavras se prestam com tanta beleza e adequação às experiências, condições e irradiação da vida espiritual. Por esta razão, as Escrituras usam “luz” em grande parte no sentido figurativo. Emprestada do mundo natural, ela é, no entanto, inerentemente adequada para retratar realidades espirituais. Na vida secular uma linha de demarcação distinta é traçada entre o conhecimento intelectual e espiritual e a iluminação. A educação que ilumina a mente pode deixar o homem moral intocado. Essa distinção raramente é obtida na Bíblia, que trata do homem como um ser espiritual e considera suas faculdades como interdependentes em sua ação.
(a) Algumas passagens, contudo, referem-se à luz que vem principalmente ao intelecto ou à mente por meio da instrução divina, por exemplo, Salmos 119:130, “A abertura das tuas palavras dá luz”; assim Provérbios 6:23, “A lei é luz”. Mesmo aqui a instrução inclui tanto a moral quanto a iluminação mental.
(b) Moral:
Jó 24:13,16 tem a ver exclusivamente com a atitude moral do homem para com a verdade: “rebelar-se contra a luz”; “não conhecer a luz”. Isaías 5:20 descreve uma confusão moral e cegueira, que não pode distinguir luz das trevas.
(c) Na maioria das vezes, porém, luz e vida andam juntas. É o produto da salvação:
“Yahweh é minha luz e minha salvação” (Salmos 27:1). A “luz”, figurativamente usada, tem a ver com a vida espiritual, incluindo também a iluminação que inunda todas as faculdades da alma: intelecto, consciência, razão, vontade. No domínio moral, a iluminação dessas faculdades depende totalmente da renovação do espírito. “Na tua luz …. vemos luz” (Salmos 36:9); “A vida era a luz dos homens” (João 1:4).
A luz é um atributo de santidade, e portanto uma qualidade pessoal. É o resplendor da Deidade.
3. Um Atributo de Santidade:
(1) Deus.
(2) Cristo.
(3) Cristãos.
Todos os que capturam e refletem a luz de Deus e de Cristo são chamados de “luz”, “luzes”.”
(a) João Batista:
“uma luz ardente e brilhante” (João 5:35 a Versão Rei Tiago). É significativo que este profeta pré-cristão foi chamado de luchnos, enquanto os discípulos da nova dispensação são chamados de phos (Mateus 5:14): “Vós sois a luz do mundo.”
(c) O judeu que possuía a lei supôs erroneamente que ele era “uma luz dos que estão nas trevas” (Romanos 2:19).
(4) A Igreja.
Sião devia “brilhar” porque a sua ‘luz tinha vindo’ (Isaías 60:1). Os gentios deveriam vir para a luz dela (Isaías 60.3). Sua missão como iluminadora do mundo foi simbolizada nas ornamentações de seu sacerdócio. O Urim da couraça do sumo sacerdote significava luz, e o próprio nome não é senão a forma plural do hebraico “ou”. Ele significava revelação, e thummim significava verdade. A igreja da dispensação cristã deveria ser ainda mais radiante com a luz de Deus e de Cristo. As sete igrejas da Ásia foram reveladas a João, pelo Espírito, como sete castiçais de ouro, e seus ministros como sete estrelas, ambos luminosos com a luz da revelação do Evangelho. Em Efésios, Cristo, que é a Luz do mundo, é a Cabeça da igreja, sendo esta última o Seu corpo através do qual a Sua glória deve ser manifestada ao mundo, “para fazer ver a todos os homens”, etc. (Efésios 3:9,10). “A ele seja a glória na igreja” (Efésios 3:21), a igreja trazendo glória a Deus, revelando a Sua glória aos homens através da sua reprodução da vida e luz de Cristo.
4. Simbolismo:
A luz simboliza:
(1) o olho, “A luz do corpo é o olho” (Mateus 6:22, a Versão do Rei James; Lucas 11:34);
(3) proteção, “armadura” (Romanos 13:12), a veste de uma vida santa e semelhante à de Cristo;
(4) a esfera da caminhada diária do cristão, “herança dos santos na luz” (Colossenses 1:12);
(5) céu, pois a herança a que acabamos de nos referir inclui o mundo acima no qual “o Cordeiro é a sua luz”
(6) prosperidade, alívio (Ester 8:16; Jó 30:26), em contraste com as calamidades dos ímpios cuja “luz …. será apagada” (Jó 18:5);
(7) alegria e alegria (Jó 3:20; Salmos 97:11; 112:4);
(8) o favor de Deus, a luz do teu semblante” (Salmos 4:6; 44:3; 89:15), e o favor de um rei (Provérbios 16:15);
(9) vida (Salmos 13:3; 49:19; João 1:4).
5. Termos expressivos:
Termos expressivos são:
(1) “fruto da luz” (Efésios 5:9), ou seja bondade, justiça, verdade;
(2) “luz no Senhor” (Efésios 5:8), indicando a fonte da luz (compare Isaías 2:5);
(3) “herança dos santos na luz” (Colossenses 1:12), uma experiência presente emitindo no céu;
(4) “Pai das luzes” (Tiago 1:17), significando o Criador dos corpos celestes;
(5) “luz maravilhosa” (1 Pedro 2:9), a luz da presença e comunhão de Deus;
(6) “Caminhe na luz” (1João 1:7), à luz do ensino e da companhia de Deus;
(7) “Permanece na luz” (1João 2:10), no amor, Divino e fraternal;
Dwight M. Pratt